Digestão difícil?
A má digestão, também conhecida por dispepsia, atinge cerca de 25% da população mundial, sendo um dos problemas gástricos mais comuns. Os sintomas são variados e incluem desconforto e dor na parte superior do abdómen ou no peito, distensão abdominal, sensação de estômago cheio (saciedade precoce), náuseas, vómitos, arrotos e ruídos abdominais. Nos casos mais graves pode surgir febre, fezes com sangue, perda de peso e fadiga/fraqueza, o que altera substancialmente a sensação de bem-estar a qualidade de vida.
Existem 2 causas principais para a dispepsia: 1) funcional: sem causa orgânica ou outra doença relacionada); 2) orgânica: associada a uma doença como o cancro, úlcera gástrica, gastrite, infeção por H. Pylori, obstipação, etc…
Em qualquer dos casos, um acompanhamento profissional por médico especialista e/ou nutricionista, conduzem à reversão ou melhoria do quadro clínico e ao aumento substancial do bem-estar e da qualidade de vida.
Na dispepsia funcional, o estilo de vida é um dos fatores que maior influência exerce na saúde do sistema gastrintestinal. O uso excessivo de certos medicamentos, a ansiedade e o stress, a alimentação desadequada, o consumo de estimulantes (ex: café), álcool e bebidas gaseificadas e os hábitos tabágicos, contribuem para a manutenção e agravamento do problema.
Qualquer que seja a causa da sua má digestão, é fundamental investir em hábitos alimentares adequados e num estilo de vida mais saudável. Entre outros, os conselhos gerais para reduzir a sintomatologia associada a este problema, são:
- Apostar numa alimentação equilibrada e saudável, de base mediterrânea, dando preferência aos frutos, legumes, verduras, cereais integrais, gorduras “boas”, carnes magras, peixe e frutos do mar;
- Aumentar o consumo de fibra para favorecer o transito intestinal (se não houve doença associada cujo impacto se manifeste nos intestinos)
- Evitar ou suprimir o consumo de alimentos industrias e altamente processado;
- Evitar os alimentos de difícil digestão: chocolate, chá, café, carnes gordas, bebidas gaseificadas e alcoólicas, temperos fortes (pimenta, malaguetas, caril, gengibre), fritos, folhados, molhos gordos, charcutaria;
- Manter uma alimentação frugal, fazendo refeições de pequeno volume e divididas ao longo do dia;
- Mastigar bem os alimentos facilitar a digestão e otimizar a ação exercida pelos sucos gástricos no processo digestivo;
- Saber um chá quente após as refeições (ex.: hortelã);
- Definir horários regulares para as refeições, se possível
- Reduzir ou terminar com os hábitos tabágicos;
- Caminhar 20 a 30 minutos após a refeição para facilitar a digestão;
- Manter um peso adequado;
- Aprender a gerir o stress;
- Praticar exercício físico regularmente.
Sofia A. Rodrigues, nutricionista (2071N)